sábado, 23 de novembro de 2013

Movimento cultural critica projeto que transfere Museu da República do GDF para União




 Museu da República do GDF
Fonte: google



Artistas, produtores e militantes culturais do Distrito Federal se manifestaram contra a transferência da gestão do Museu Nacional da República Honestino Guimarães do GDF para a União. O grupo se reuniu em comissão geral na Câmara Legislativa nesta quinta-feira (21) para debater o tema. A autorização da cessão está prevista no projeto de lei nº 1.693/2013, enviado pelo Executivo à Câmara. Os participantes também reivindicaram a criação de novos complexos culturais em outras cidades do DF.  
A realização do debate foi sugerida pelos deputados Celina Leão (PDT), Liliane Roriz (PRTB) e Olair Francisco (PTdoB) e contou com a participação de representantes de diversos colegiados culturais, do GDF e do governo federal.  
Os três deputados se posicionaram contra a proposta do Executivo. Segundo Celina, se o argumento para a transferência é o fato de espaço se chamar Museu Nacional, seria necessário a transferência para o governo federal o Estádio Nacional Mané Garrincha.    
O produtor cultural Luciano Lima condenou o argumento de falta de dinheiro, segundo ele, utilizado pelo GDF para justificar a transferência da gestão.   
— Como é que falta dinheiro se acabamos de construir um estádio de quase R$ 2 bilhões que vai se tornar um elefante branco?  

Um manifesto do movimento cultural foi lido e distribuído durante o evento, pedindo a rejeição do projeto de lei. "Reiteramos o valor e a importância do Museu da República e de seu rico acervo de arte contemporânea, como patrimônio cultural do Distrito Federal, por sua concepção, pelo conceito da atual administração, com uma política de formação e exposição de acervo em movimento, por ser um dos raros espaços sob a gestão do DF com programação constante e diversa, por sua abertura a todo tipo de público, moradores de qualquer parte do DF, do Entorno, do Brasil e do mundo", diz um trecho do documento.  
Não faltaram críticas ao projeto durante o debate. O prefeito de Água Fria, o ex-deputado distrital João de Deus, classificou o projeto como uma "excrescência" contra a cultura do DF. Já o artista plástico Henrique Gougon elogiou o trabalho desenvolvido atualmente no Museu e afirmou que a cidade não merece perder o espaço. E o maestro Rênio Quintas criticou a falta de diálogo do GDF com a classe cultural sobre a proposta, principalmente diante da falta de espaços no DF.  
O deputado Agaciel Maia (PTC) participou do debate e ressaltou a importância da discussão da proposta com a sociedade, "para aperfeiçoar o processo legislativo". Em sua opinião, mais importante do que quem fará a gestão é a preservação e a valorização do espaço cultural.  
Na mesma linha, o deputado Wasny de Roure (PT) defendeu o aprimoramento do projeto a partir de discussões com a população e do "bom senso". O parlamentar se manifestou, contudo, a favor da proposta. Para ele, a obra pertence ao povo brasileiro e é necessária para democratizar os acervos dos órgãos federais e permitir que a população tenha acesso.  
O secretário de Cultura, Hamilton Pereira, considerou a discussão "proveitosa" e destacou vários aspectos do Museu, lamentando a descontinuidade dos projetos culturais no DF ao longo dos últimos governos. Para ele, é importante construir um modelo de gestão duradouro e capaz de continuar oferecendo um serviço de qualidade. Pereira afirmou acreditar na construção de uma proposta convergente e democrática.   
— O Museu não tem dono. O Museu é da população, de Brasília, do Brasil e de todos que o visitam. O mais importante é olharmos para como vamos oferecer um serviço de qualidade à população.  
O presidente do Conselho de Cultura do DF, Romário Schetino, explicou que a questão ainda não foi esgotada pelo colegiado e defendeu a discussão de uma proposta de gestão compartilhada do Museu.  
Na opinião do presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Administração de Museus), Angelo Santos, o debate está sendo travado com base em informações equivocadas sobre a proposta. Segundo ele, a intenção, a partir de conversas entre a presidenta Dilma Rousseff, o governador Agnelo Queiroz e a ministra da Cultura, Marta Suplicy, sempre foi valorizar o Museu Nacional e transformá-lo numa referência no País, em parceria com o GDF. O presidente negou a possibilidade de implantar uma exposição permanente no local. 

Fonte:R7

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