quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Estudantes de Museologia da UNB abrem em novembro a mostra 'E NÃO FORAM FELIZES PARA SEMPRE'. Tem até cueca usada para contar fim de relacionamentos.


As estudantes Kátia Fonseca (esquerda) e Andressa Araújo,
que organizam a mostra na UnB (Foto: Paulo Pimenta)


Estudantes do curso de museologia da Universidade de Brasília (UnB) lançam em novembro uma exposição que aborda o fim dos relacionamentos amorosos. O projeto, batizado de “E não foram felizes para sempre”, reúne cartas de amor, ingressos de shows, ursos de pelúcia e até roupas íntimas, que foram doadas para o acervo.
Em menos de duas semanas, cerca de 200 objetos foram deixados no local. “A gente não imaginou que fosse chegar a essa dimensão”, disse uma das organizadoras do projeto, a estudante Kátia Fonseca, de 21 anos.
O grupo se espelhou no Museum of Broken Relationships, da Croácia, para lançar o projeto na UnB. Idealizado por um casal de ex-namorados, o museu croata coleciona histórias de finais felizes ou nem tanto – a depender do ponto de vista.
No acervo em Brasília, todos os objetos simbolizam o término de um relacionamento. Entre os itens mais entregues estão cartas trocadas entre casais. Alianças, ursinhos, fotografias e desenhos reforçam o grupo de “peças-clichês” dos relacionamentos amorosos.
Nunca fomos perfeitos. O amor se encontrou nos nossos erros e acertos. Sempre haverá a primeira de muitas memórias e experiências"
Trecho de carta que integra acervo de mostra sobre fim de relacionamentos que será aberta em novembro, na UnB
Peças “exóticas” também revelam histórias divertidas, como a de uma cueca que um rapaz usava no dia em que teve a primeira relação sexual com a namorada. Desde que a menina ganhou o presente, a roupa íntima não foi lavada. A peça foi doada ao museu pela garota.
O acervo ainda conta com óculos 3D furtados de um cinema no primeiro encontro de um casal, uma corda com um nó de escoteiro, significando fidelidade, um origami completo – presente dado pela namorada – e um pela metade, que o namorado não conseguiu terminar antes do fim do relacionamento. “O objeto pela metade concretiza nossa idéia de que não foram felizes para sempre”, disse Kátia.
Anexado a uma das fotografias emprestadas ao museu estava um bilhete que dizia: “Nunca fomos perfeitos. O amor se encontrou nos nossos erros e acertos. Sempre haverá a primeira de muitas memórias e experiências.” O recado continuava com o “Soneto da Fidelidade”, de Vinicius de Moraes.

Origami concluído (esquerda) e outro que não foi acabado devido ao fim do relacionamento do casal de namorados (Foto: Paulo Pimenta)

Palestras
Além do que será exposto, os alunos pretendem criar um ciclo de palestras com psicólogos, filósofos e escritores que trabalhem com a temática. Eles ainda querem expandir o acervo para objetos mais exóticos e eróticos.
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 “Muita gente passa no estande e acha só é para doar cartas, ursinhos, e coisas esteticamente bonitas. Mas não, nós queremos objetos que tenham histórias. Além do acervo ser fruto dos sentimentos das pessoas, a gente quer provocar sentimentos e reações emocionais nas pessoas também”, declarou Kátia.

“Museu não precisa ser aquela coisa chata, pode ser algo divertido também. Eu reparei que no Brasil a gente ainda está construindo a forma tradicional de museus enquanto fora do Brasil, como eles já têm concretizado esses modelos, eles estão buscando novas formas”, afirmou Andressa Araújo, de 21 anos, que também trabalha na organização da mostra.
Não era lixo
A estudante Stela de Lemos, de 21 anos, foi a primeira pessoa a entregar objetos para a exposição. Ela, que doou três alianças, três folhas de caderno e três desenhos, dois cartões e uma conversa de bate-papo na internet, afirma que “queria dar um fim mais digno que o lixo a coisas que representaram sentimentos tão bonitos.”

Peças doadas por casais que terminaram relacionamentos
e que serão expostas na UnB (Foto: Paulo Pimenta)


O ex-namorado foi avisado por ela de que um desenho feito por ele seria doado. A estudante conta que ele não viu problemas em relação a isso. No meio das coisas guardadas Stela achou uma declaração de amor que recebeu de um menino aos 10 anos de idade. Ela também foi doada para a exposição.

“Até pensei em avisar o menino da declaração de amor que iria cedê-la para a mostra, mas entrei no Facebook dele e vi que ele tava namorando. Acho que não pegaria bem”, afirmou.
Mas disponibilizar as peças para o acervo nem sempre é fácil. Andressa conta que há casais que doam os itens juntos, mas também existem pessoas que vão ao estande ainda com muitas mágoas e rancor.

“A gente serve como psicólogo. Tem gente que conta toda a história, conta que está sofrendo, o que está sentindo. Gente que chora ou então faz a gente chorar.”

terça-feira, 1 de outubro de 2013

MUSEU JÚLIO DE CASTILHOS, EM PORTO ALEGRE, FOI DEPREDADO NESSA QUINTA DURANTE O LANÇAMENTO DE UM LIVRO



Manifestantes roubam bandeiras no Museu Júlio de Castilhos
(Foto: Daniel Bitencourt).

Depredado durante o protesto na noite de quinta-feira dia 26 no Centro de Porto Alegre, o Museu Júlio de Castilhos voltou a funcionar normalmente na tarde de sexta (247), após a recolocação dos vidros quebrados por pedradas. O diretor do museu, Roberto Schmitt-Prym, contou ao G1 que no momento do ataque recebia convidados no local para um evento, e todos tiveram de fugir para não serem atingidos.
"A sala estava cheia de gente quando arremessaram as pedras", disse Schmitt-Prym, lembrando que a movimentação foi "muito rápida, mas muito intensa". "Eram muitas pedras", lembra.
Durante o ato, manifestantes escalaram a fachada do casarão do Museu Júlio de Castilhos, construído em 1887, e roubaram as bandeiras do Rio Grande do Sul e do Brasil hasteadas no local. Além disso, arremessaram pedras e picharam a fachada. Cinco pessoas foram presas e dois menores, aprendidos por vandalismo, informou a Brigada Militar no fim da noite. Não há registro de feridos.
O ataque ao museu ocorreu no momento em que era lançada a obra Teu Amigo Certo, uma correspondência inédita de Júlio de Castilhos transcrita e organizada por Keter Velho. Segundo Schmitt-Prym, as pedradas causaram medo nos convidados.
Vidros de agências bancárias também foram depredados.
(Foto: Daniel Bitencourt).

"Os vidros quebrando fazia um barulho muito grande, e depois as pedras batiam contra a parede e o chão. O barulho é razoavelmente grande. As pessoas tiveram de sair da sala rapidamente", contou.
O trabalho de recuperação teve início na manhã desta quinta, quando os vidros quebrados foram recuperados. Ao longo do dia, a porta de entrada foi consertada e novas bandeiras colocadas. O gasto, segundo Schmitt-Prym, foi de cerca de R$ 600. "Só falta remover as pichações da fachada, mas isto é um trabalho mais especializado, pois são perdas, arenitos", disse o diretor.

Sobre o Protesto
Desde o final da tarde, pouco mais de 100 pessoas se concentraram em frente à prefeitura, no centro da cidade. Por volta das 19h, os manifestantes saíram em marcha até o Palácio Piratini, a sede do governo estadual, passando pelo edifício onde mora o prefeito José Fortunati. No caminho, outra centena de manifestantes se juntou ao protesto, segundo a Brigada Militar.
Atos de vandalismo foram registrados durante a noite. Pelo menos duas agências bancárias e um casarão histórico onde funciona o Museu Júlio de Castilhos foram alvos de depredação por pessoas com os rostos coberto e vestidas de preto. Portas de vidro de um prédio da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) também foram quebradas. Pedras também foram atiradas contra a Catedral Metropolitana, que teve vidros quebrados. Um policial militar levou uma pedrada no rosto, mas passa bem.




Brigada Militar atira granadas de gás lacrimogêneo
(Foto: Daniel Bitencourt).

Pouco depois dos registros de vandalismo a Brigada Militar decidiu intervir. A Tropa de Choque avançou sobre os manifestantes, que recuaram. Três bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas contra o grupo, mas não houve conflito. Pouco antes das 21h, os manifestantes começaram a se dispersar.