Moradores da comunidade
Quilombola do Evaristo auxiliando nas escavações e construção do Museu
Comunitário.
Dia de festa na comunidade
Quilombola do Evaristo, em Baturité, a 90 km de Fortaleza, no Ceará. A
presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),
Jurema Machado, inaugurou no dia 25 de setembro, o Museu Comunitário
da Serra do Evaristo, que recebeu o acervo arqueológico resgatado da escavação
ali realizada pelo IPHAN-CE. Os trabalhos tiveram início em março de 2012, em
um sítio funerário, de onde foram coletados inúmeros vestígios materiais
pré-históricos.
A cerimônia de inauguração,
teve início às 13h30, e contou com o Seminário Multidimensão do Museu, onde foi
relatado todo processo que culminou no salvamento do sítio arqueológico e na
construção do museu. O Seminário, organizado pela própria comunidade, também
ressaltou a sua participação e envolvimento direto nas escavações e na
construção do Museu. A festa teve ainda apresentações artísticas de moradores e
do cantor Zé Vicente, além de representantes de etnias indígenas e comunidades
quilombolas do estado do Ceará.
Os visitantes do Museu
Comunitário da Serra do Evaristo poderão conhecer urnas funerárias, machadinhos
polidos, fusos, entre outros inúmeros vestígios arqueológicos com mais de 700
anos que compõem o acervo. O maior diferencial do museu é a preservação do
acervo arqueológico in loco, diferente do que ocorre com inúmeros vestígios
funerários expostos e depositados em museus do Ceará, sem qualquer informação
sobre suas procedências.
As escavações na Serra do Evaristo
As ações realizadas na área
pelo IPHAN atendem às reivindicações da Comunidade Quilombola da Serra do
Evaristo, certificada pela Fundação Palmares. Um dos grandes destaques do
trabalho da equipe, coordenada pelos arqueólogos Igor Pedroza e Cláudia
Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi o achado de um
esqueleto humano que, de acordo com as observações iniciais do professor Sergio
Monteiro, consultor em arqueologia funerária, aponta para um “indivíduo adulto,
com mais de 50 anos de idade, de constituição física relativamente robusta, depositado
no interior de uma urna funerária em posição sentada e pernas flexionadas”. Com
as descobertas arqueológicas está sendo possível estudar os modos de vida das
populações que habitaram a área, especialmente aqueles relacionados às práticas
funerárias.
Entre os materiais
resgatados na Serra do Evaristo estão fragmentos de recipientes cerâmicos,
ossos de animais como tatus, lagartos, peixes, pequenos carnívoros e aves.
Cinzas e carvões, associados a estes animais nos primeiros sedimentos presentes
em uma das urnas, parecem indicar uma deposição intencional dos remanescentes
de um ritual, possivelmente um banquete funerário. Pequenas panelas,
circunscritas a um sepultamento são também indicativos da realização de
rituais.
Além dos arqueólogos e
técnicos, as escavações no Sítio Funerário Evaristo contaram com o trabalho
dedicado de sete estudantes dos ensinos fundamental e médio, moradores da
comunidade Quilombola do Evaristo que atuaram nas atividades de pesquisa e
socialização dos resultados. A participação dos alunos foi também motivada pela
população local.
Fonte: diariodonordeste
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