domingo, 29 de setembro de 2013

Museu Comunitário é inaugurado no interior do Ceará reúne achados arqueológicos

Moradores da comunidade Quilombola do Evaristo auxiliando nas escavações e construção do Museu Comunitário.


Dia de festa na comunidade Quilombola do Evaristo, em Baturité, a 90 km de Fortaleza, no Ceará. A presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Jurema Machado, inaugurou  no dia 25 de setembro, o Museu Comunitário da Serra do Evaristo, que recebeu o acervo arqueológico resgatado da escavação ali realizada pelo IPHAN-CE. Os trabalhos tiveram início em março de 2012, em um sítio funerário, de onde foram coletados inúmeros vestígios materiais pré-históricos.
A cerimônia de inauguração, teve início às 13h30, e contou com o Seminário Multidimensão do Museu, onde foi relatado todo processo que culminou no salvamento do sítio arqueológico e na construção do museu. O Seminário, organizado pela própria comunidade, também ressaltou a sua participação e envolvimento direto nas escavações e na construção do Museu. A festa teve ainda apresentações artísticas de moradores e do cantor Zé Vicente, além de representantes de etnias indígenas e comunidades quilombolas do estado do Ceará.
Os visitantes do Museu Comunitário da Serra do Evaristo poderão conhecer urnas funerárias, machadinhos polidos, fusos, entre outros inúmeros vestígios arqueológicos com mais de 700 anos que compõem o acervo. O maior diferencial do museu é a preservação do acervo arqueológico in loco, diferente do que ocorre com inúmeros vestígios funerários expostos e depositados em museus do Ceará, sem qualquer informação sobre suas procedências.

As escavações na Serra do Evaristo

As ações realizadas na área pelo IPHAN atendem às reivindicações da Comunidade Quilombola da Serra do Evaristo, certificada pela Fundação Palmares. Um dos grandes destaques do trabalho da equipe, coordenada pelos arqueólogos Igor Pedroza e Cláudia Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi o achado de um esqueleto humano que, de acordo com as observações iniciais do professor Sergio Monteiro, consultor em arqueologia funerária, aponta para um “indivíduo adulto, com mais de 50 anos de idade, de constituição física relativamente robusta, depositado no interior de uma urna funerária em posição sentada e pernas flexionadas”. Com as descobertas arqueológicas está sendo possível estudar os modos de vida das populações que habitaram a área, especialmente aqueles relacionados às práticas funerárias.
Entre os materiais resgatados na Serra do Evaristo estão fragmentos de recipientes cerâmicos, ossos de animais como tatus, lagartos, peixes, pequenos carnívoros e aves. Cinzas e carvões, associados a estes animais nos primeiros sedimentos presentes em uma das urnas, parecem indicar uma deposição intencional dos remanescentes de um ritual, possivelmente um banquete funerário. Pequenas panelas, circunscritas a um sepultamento são também indicativos da realização de rituais.
Além dos arqueólogos e técnicos, as escavações no Sítio Funerário Evaristo contaram com o trabalho dedicado de sete estudantes dos ensinos fundamental e médio, moradores da comunidade Quilombola do Evaristo que atuaram nas atividades de pesquisa e socialização dos resultados. A participação dos alunos foi também motivada pela população local.

Fonte: diariodonordeste

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